Falando um pouco sobre o bullyng e suas consequências na atualidade
- Consultório de Psicologia
- 12 de jul. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2018
O conceito de bulling pode designar tudo aquilo que oprime, amedronta e humilha. São comportamentos agressivos e hostis de alguns sujeitos que se acham superiores em relação a outros. O bulling pode ser um ato de agressão física ou/e psicológica. É muito comum que o bulling se inicie no contexto escolar, pois muitos jovens acreditam que para fazerem parte de um determinado grupo social, precisam arrumar meios de excluir e humilhar quem supostamente não estaria se enquadrando em determinadas características estabelecidas pelos jovens.
Sendo assim, o risco de suicídio é muito alto na adolescência e o bulling é um dos principais fatores que levam os jovens ao desejo de tirar a própria vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 a 19 anos, perdendo apenas para acidentes de carros. Quem comete suicídio ou pensa em suicidar vivencia um sentimento de desamparo e perda de pertencimento diante as relações sociais. É importante saber que nem sempre essas pessoas demonstrarão depressivas e melancólicas. Tem pessoas que seguem uma vida aparentemente “normal” e por não conseguirem expressar os sentimentos, podem estar vivenciando conflitos internos.
Atualmente estamos inseridos em uma sociedade imediatista e como efeito, ninguém tem tempo de escutar ninguém. Os pais não ensinam os seus filhos a falharem. As crianças são inseridas em um contexto que as educam para competir, vencer, e solucionar problemas atendendo ideais da lógica do mercado apenas, podendo ser uma forma de compensar os desejos fracassados e a ausência afetiva, o que parece competir aos pais trabalharem “duro” para atenderem toda e qualquer demanda financeira de seus filhos. Na falta da palavra o objeto se faz presente, como diria a psicanálise. Como consequência, as pessoas vão ficando cada vez mais introvertidas e individualistas, implicando em um cenário de adultos com o emocional fragilizado. Sabem tudo sobre tecnologia, mas não sabem lidar com um relacionamento, têm dificuldade de falar sobre sentimentos e demonstra-los. Todos sabemos que é impossível ter uma vida que não exista frustrações, no entanto, a geração atual não está preparada para as perdas, sejam elas, amorosas ou profissionais. Os jovens se angustiam demasiadamente por uma perda de ideal e já começam a pensar em suicídio.
Pensando pela linha psicanalítica, existem três estruturas psíquicas que constituem os sujeitos e os inserem no campo da linguagem, da relação ou se melhor compreenderem, na civilização. Neurose, Psicose e Perversão. Estas são as modalidades de respostas diante da falta fálica do Outro. Todos estamos inseridos nessa lógica estruturalista. Sendo assim, para falar mais especificamente das causas do suicídio precisaríamos pensa-lo a partir dessas estruturas. A angústia nos casos de psicoses se distingue significativamente dos casos de neuroses. Assim, se o recurso simbólico fracassa na psicose, o imaginário é compensado de forma que os fenômenos que concernem a linguagem, o corpo e os sentidos e verdades ficariam comprometidos no plano simbólico, assinalando uma série de sintomas como automutilação, melancolia, paranoia e bipolaridade. Portanto na clínica, é fundamental fazer o diagnóstico diferencial, não para classificar dentro de uma categoria nosológica, longe disso, mas para pensar a direção do tratamento de cada sujeito, uma vez que, as intervenções sem esse planejamento clínico, podem fracassar e inclusive levar o paciente a cometer uma passagem ao ato.
Existem meios de prevenir o suicídio e um deles é se atentar para o que as pessoas estão querendo dizer com os gestos, escritas e sinais. A comunicação pode acontecer de diversas formas e não podemos ignora-la, pois quem avisa e fala que vai suicidar uma hora pode passar ao ato. As vezes as pessoas não dizem necessariamente que vai suicidar, um simples questionamento da vida ou uma expressão de menos valia podem ser sinais de alerta. Infelizmente a banalização da fala do outro é um dos pontos que mais impede a prevenção. Por isso, vale ressaltar a importância de falar desse assunto, assinalando as principais dificuldades. Hoje temos vários serviços de prevenção, além das psicoterapias e psicanálises também temos um serviço de prevenção ao suicídio e apoio emocional gratuito que é o Centro de Valorização a Vida- CVV. O atendimento é 24h em qualquer parte do Brasil. É só ligar no *188.
Camila Costa

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